"Quando ele lia, seus olhos perscrutavam a página e seu coração buscava o sentido, mas sua voz ficava em silêncio e sua língua quieta. Qualquer um podia aproximar-se dele livremente, e em geral os convidados não eram anunciados; assim, com freqüência, quando chegávamos para visitá-lo nós o encontravámos lendo em silêncio, pois jamais lia em voz alta.
(...)
Talvez ele tivesse medo de que, se lesse em voz alta, algum trecho difícil do autor que estivesse lendo poderia suscitar uma indagação na mente de um ouvinte atento, e ele teria então de explicar o significado da passagem ou mesmo discutir sobre alguns pontos mais abtrusos".
Santo Agostinho, sobre seu professor, Santo Ambrósio, e seus hábitos de leitura. O trecho é uma passagem de Confissões, de Agostinho, citado em no segundo capítulo de Uma História da Leitura, de Alberto Manguel. O capítulo trata da oposição entre a leitura falada e a em voz alta, que era a prática comum na Antigüidade, e leitura silenciosa. (RSF)